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terça-feira, 5 de julho de 2016

Os signatários da Declaração de Independência - Ezra Taft Benson



Por Ezra Taft Benson
Conforme publicado no livro The Nation Shall Endure em 1977.



Quando lemos os jornais e outros materiais impressos, escutamos a televisão e o rádio e ouvimos as vozes de distintos cidadãos norte americanos, ficamos cientes de que os Estados Unidos estão numa encruzilhada. Estamos diante da realidade de que podemos perder nossa grande herança de liberdade. 

Há aqueles em nosso meio que depreciam nossa grande e amada república e os homens que colocaram os fundamentos de nosso governo. Essas são as vozes e as palavras que nossos jovens ouvem e leem frequentemente. Eu pergunto, como podemos esperar que eles sintam um dever para com Deus e seu país quando o clima de opinião é tão negativo sobre tudo o que nós prezamos e damos valor? A resposta para essa pergunta será decidida pela forma como nossos lares instilam o amor a Deus e a nosso país e pela forma como nós como líderes exemplificamos perante nossa juventude nossa devoção. Quando foi a última vez que você tirou um tempo para deixá-los saber seus sentimentos sobre seu país?

Essa nação é diferente de qualquer outra. Ela nasceu de forma única. Teve seu início quando cinquenta e seis homens assinaram a Declaração de Independência. Sei que há alguns que veem essa declaração apenas como um documento político. Ela é muito mais do que isso. Ela constitui um manifesto espiritual, declarando não apenas para essa nação, mas para todas as nações, a fonte dos direitos dos homens. 


O propósito da declaração foi expor a justificação moral da rebelião contra uma tradição política há muito reconhecida―o direito divino dos reis. Em disputa estava a questão fundamental de saber se os direitos dos homens eram concedidos por Deus ou se se esses direitos são distribuídos pelo governo a seus súditos. Esse documento proclama que todo homem tem certos direitos inalienáveis; em outras palavras, que esses direitos vêm de Deus. Os colonos, portanto, não estavam se rebelando contra a autoridade política. Sua controvérsia não era com o Parlamento nem com o povo britânico; era contra um monarca tirânico que havia "conspirado" contra eles e os "incitado" e "pilhado". Eles estavam, assim, moralmente justificados a revoltarem-se, pois, como foi dito na declaração, "quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança."

O documento termina com esta promessa:


"E em apoio a esta declaração, plenos de firme confiança na proteção da Divina Providência, empenhamos mutuamente nossas vidas, nossas fortunas e nossa sagrada honra."

Quão profética foi essa promessa! Considere comigo alguns dos sacrifícios feitos por esses signatários.

Cinquenta e seis homens assinaram o documento em 02 de agosto de 1776, ou no caso de alguns, logo depois. Eles vinham de todos os estilos de vida. Vinte e três eram advogados, doze eram comerciantes, doze eram homens da terra, quatro eram físicos, dois eram construtores, um era político, um era impressor e outro era ministro.

Quase um terço dos signatários estavam abaixo dos quarenta anos de idade; dezoito estavam na casa dos trinta e três estavam em seus vinte anos. Apenas seis tinham mais de sessenta. O mais novo, Edward Rutledge da Carolina do Sul, tinha vinte e seis anos e meio, o mais velho, Benjamin Franklin, tinha setenta. Três dos signatários viveram até mais de noventa. Charles Carrol morreu com noventa e cinco anos. Dez morreram em seus oitenta. 

Cerca de seis dos signatários não tiveram filhos em seus casamentos (dois nunca casaram), mas os restantes geraram 325 filhos. Carter Braxton teve 18 filhos; William Ellery, 17; e Robert Sherman, 15.

Os signatários eram homens religiosos, todos eram protestantes exceto Charles Carroll, que era católico romano. Mais da metade expressava sua fé religiosa como episcopal. Outros eram congregacionais, presbiterianos, Quakers e batistas. 

Dois dos signatários tornaram-se presidentes dos Estados Unidos―Thomas Jefferson, o autor da declaração, e John Adams. Dois, John Adams e Benjamim Harrison, seriam pais de futuros presidentes. Outro, Elbridge Gerry, foi o vice-presidente de James Madison.

Esses signatários empenharam suas vidas, e alguns pagaram esse preço pelo nascimento de nossa nação―e por nossos direitos inatos. 

Ao menos nove deles morreram como resultado da guerra ou das dificuldades que ela trouxe sobre eles. O primeiro dos signatários a morrer foi John Morton, da Pensilvânia. Ele foi primeiramente simpático aos britânicos mas finalmente mudou sua mente e votou à favor da independência. Ao fazer isso, seus amigos, parentes e vizinhos voltaram-se contra ele. Aqueles que o conheciam melhor disseram que esse ostracismo apressou sua morte, pois viveu apenas oito meses depois da assinatura. Suas últimas palavras foram, "Diga-lhes que eles viverão para ver a hora em que reconhecerão isso como o mais glorioso serviço que já rendi a meu país."

Outro que pagou com sua vida foi Caesar Rodney. Sofrendo com um câncer facial, ele deixou o leito onde repousava à meia noite e cavalgou por toda noite através de uma tempestade severa. Ele chegou bem a tempo de dar o voto decisivo por sua delegação à favor da independência. Seus médicos disseram que ele precisava de um tratamento obtido apenas na Europa. Ele se recusou a sair nessa época crítica do país. A decisão custou sua vida.

Quando os britânicos vieram para Trenton, eles se estabeleceram próximo ao lar de John Hart, um dos cinco signatários de Nova Jersey. Ele tinha uma grande fazenda e vários moinhos. Enquanto sua esposa estava em seu leito de morte, os soldados hessianos desceram para a propriedade dos Hart. Eles destruíram seus moinhos, devastaram sua propriedade e dispersaram seus filhos. Hart tornou-se um fugitivo procurado. Quando finalmente ele voltou a sua terra, sua saúde estava debilitada, sua fazenda flagelada, sua esposa havia falecido e seus filhos foram todos dispersos. Ele morreu três anos depois de assinar a declaração.

Sim, os signatários também prometeram arriscar suas fortunas, e ao menos quinze viram a realização dessa promessa. Doze tiveram suas casas saqueadas ou arruinadas. Seis literalmente deram suas fortunas para promover a causa. Quando os quatro delegados de Nova York assinaram a declaração, eles estavam resignando suas propriedades. William Floyd foi exilado de seu lar por sete anos e foi praticamente levado à ruína financeira. Francis Lewis teve seu lar saqueado e queimado, e sua esposa foi levada prisioneira. Ela sofreu uma grande brutalidade e nunca recuperou sua saúde; morreu dois anos depois. Ele nunca recuperou sua fortuna. Robert Morris teve sua propriedade destruída e, como Floyd, foi banido de seu lar por sete anos. Philip Livingston nunca viu sua casa novamente, pois sua propriedade se tornou um hospital naval britânico. Ele vendeu todas as suas propriedades remanescentes para financiar a revolução. Morreu antes que a guerra chegasse ao fim.

Outro signatário, o comerciante Robert Morris, perdeu 150 navios, que foram afundados durante a guerra. Três dos quatro signatários da Carolina do Sul―Thomas Heyward, Arthur Middleton e Edward Rutledge―foram feitos prisioneiros pelos britânicos e ficaram detidos por dez meses.

Thomas Nelson Jr, da Virgínia, morreu na pobreza aos cinquenta e um anos. Ele doou sua fortuna para ajudar a financiar a guerra e nunca recuperou nem ela nem sua saúde. Antes de Patrick Henry proferir seu grande discurso, ele foi precedido por Nelson que disse: "Eu sou comerciante de Yorktown, mas sou primeiramente um virginiano. Deixe meu comércio perecer. Invoco a Deus para testemunhar que, se qualquer tropa britânica desembarcar no Condado de York, do qual eu sou um tenente, não esperarei nenhuma ordem, mas vou invocar a milícia e conduzir os invasores para o mar."

Quando Patrick Henry declarou suas palavras imortais, "(...) dê-me a liberdade ou dê-me a morte", ele não falava em vão. Quando aqueles signatários assinaram aquele documento sagrado, estavam, em um sentido real, escolhendo a liberdade ou a morte, pois se a revolução falhasse, se sua luta não tivesse resultado em nada, eles seriam enforcados como traidores.

Sim, os signatários cumpriram suas promessas. Seu espírito de sacrifício foi exemplificado por John Adams, que, quando outros estavam vacilando sobre a adoção da declaração, declarou:


"Afundar ou nadar, viver ou morrer, sobreviver ou perecer, dou minha mão e meu coração por esse voto. É verdade, de fato, que inicialmente não estamos visando a independência. Mas há uma Divindade que molda nossos destinos (...) Por que, então, deveríamos adiar a Declaração? (...)"
"(...) Vocês e eu, de fato, podemos lamentar. Podemos não viver para a época em que essa Declaração produzirá o bem. Podemos morrer; morrer como colonos; morrer como escravos; morrer, pode ser, ignominiosamente ou em um cadafalso. Que assim seja, que assim seja. Se agrada aos Céus que meu país exigirá a pobre oferta de minha vida, a vítima está pronta (...) Mas enquanto eu viver, deixe-me ter um país, ou ao menos a esperança de um país, e que seja um país livre." 
"Mas qualquer que seja nosso destino, estejam certos (...) de que essa Declaração resistirá. Ela pode custar riquezas, ela pode custar sangue; mas ela resistirá e recompensará ricamente por ambos. Através da escuridão espessa do presente, eu vejo o brilho do futuro, como o sol no céu. Faremos desse um glorioso, um dia imortal. Quando estivermos em nossos túmulos, nossos filhos irão honrá-lo. Eles o celebrarão com ações de graça, com festividade, com fogueiras e fogos de artifício. Em sua comemoração anual eles derramarão lágrimas, copiosas, lágrimas efusivas, não de sujeição e escravidão, não de agonia e angústia, mas de exultação, de gratidão e de alegria. Senhores, perante Deus, creio que a hora chegou. Meu julgamento aprova essa medida, e todo meu coração está nela. Tudo o que tenho, e tudo o que sou, e tudo que espero nesta vida, estou agora disposto a sacrificar por isso; e termino como comecei, que vivendo ou morrendo, sobrevivendo ou perecendo, sou a favor da Declaração. Esse é meu vivo sentimento e, pela graça de Deus, será meu sentimento ao morrer, independência agora e independência para sempre." (The Works of Daniel Webster, 4th ed., 1851, 1:133-36.)

Como é apropriado para nós cantarmos em "América, a bela":
"Quão belo, para os heróis provados,
Em contendas libertadoras,
Que mais que a si mesmos nosso país amaram,
E mais que a vida, a misericórdia redentora!"
 
[tradução livre de trecho da canção “America the Beautiful” ]

Esses patriotas estavam dispostos a fazer os esforços e sacrifícios que fizeram porque eles compreendiam um fundamento que parece ter sido esquecido em nossos dias: ou os direitos dos homens são dados por Deus como parte de um plano divino ou eles são garantidos pelo governo como parte de um plano político. A razão, a necessidade, as convicções religiosas e a crença na soberania de Deus levaram esses homens a aceitar a origem divina dos direitos dos homens. Para a glória de Deus, e o crédito desses homens, nossa nação nasceu de forma inigualável. 

Se aceitarmos a premissa de que os direitos humanos são concedidos pelo governo, então devemos estar dispostos a aceitar o corolário de que eles podem ser negados pelo governo. Se o povo dos Estados Unidos vier algum dia a acreditar que seus direitos e liberdades são instituídos entre os homens por políticos e burocratas, eles não mais carregarão a herança orgulhosa de seus antepassados, mas rastejarão perante seus mestres em busca de favores e distribuições―um retrocesso ao sistema feudal da Idade das Trevas.  Devemos sempre conservar na mente as palavras inspiradas de Thomas Jefferson, como encontradas na Declaração de Independência: 


"Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados."

Uma vez que Deus criou o homem com certos direitos inalienáveis, e o homem, por sua vez, criou o governo para assegurar e salvaguardar esses direitos, segue-se que o homem é superior ao governo e deve permanecer como seu mestre, não o contrário. Como dito apropriadamente pelo Lord Acton:


"Foi dos Estados Unidos as ideias claras de que os homens devem cuidar de seus próprios negócios, e de que a nação é responsável perante os Céus pelos atos do Estado―ideias a muito trancadas no peito de pensadores solitários e escondidas em fólios latinos―irromperam como um conquistador sobre o mundo que ele estava destinado a transformar, sob o título de Direito dos Homens (...)." 
"(...) e o princípio ganhou terreno, que uma nação não pode abandonar seu destino a uma nação que ela não pode controlar." (The History of Freedom and Other Essays, 1907, pp. 55-56.)


Precisamos também conservar perante nós a verdade de que o povo que não dominar a si mesmo e a seus apetites será logo dominado pelo governo. 

Pergunto-me se não estamos criando uma geração que, aparentemente, não entende esse princípio fundamental. Sim, esse é o princípio que separa nosso país de todos os outros. A questão central perante o povo hoje é a mesma questão que inflamou o coração de nossos Pais Fundadores, em 1776, para lutarem pela independência. Essa questão é se o indivíduo existe para o Estado ou se o Estado existe para o indivíduo.*

Em uma República, o perigo real é que podemos deslizar devagar para uma condição de escravidão do indivíduo pelo Estado em vez de entrar nessa condição por uma revolução repentina. A perda de nossas liberdades podem facilmente acontecer, não por meio das urnas, mas por meio do abandono dos ensinos fundamentais sobre Deus e desses princípios básicos sobre os quais nosso país foi fundado. Essa condição é geralmente provocada por uma série de pequenos passos que, em certo momento, parecem justificados por várias razões.

Sim, eu agradeço a Deus pelos sacrifícios e esforços feitos por nossos Pais Fundadores, cujos esforços trouxeram as bênçãos que temos hoje. Suas vidas devem ser lembradas para nós que somos abençoados beneficiários de uma liberdade conquistada por grandes sacrifícios de propriedade, reputação e vida. Não deve haver dúvidas sobre qual deve ser nossa tarefa hoje. Se realmente valorizamos as liberdades que temos, devemos instilar esses sagrados princípios nos corações e mentes de nossa juventude. Temos a obrigação de reacender a chama que existia há duzentos anos entre aqueles que empenharam suas vidas, suas fortunas e sua honra sagrada. A oportunidade para os patriotas fazerem isso está, claramente, mais uma vez sobre nós. 

Fonte: This Nation Shall Endure, Ezra Taft Benson, publicado em 1977.

Tradução: João Henrique Pereira

* o fato de termos que escrever Estado com letra maiúscula em português revela muito de nossas tradições sobre essa questão fundamental apresentada pelo Élder Ezra Taft Benson. 

Um comentário:

  1. Instilar esse dever no coração de nossos jovens é tarefa árdua. Pois antes de tudo devemos combater o individualismo que tem corroído nosso dever cívico. As pessoas, o Estado as Nações não reconhecem o efeito desta Declaração, de que somos livres quando reconhecemos nosso DEUS. E que as fronteiras não podem impedir nosso coração de reconhecer o bem através do Espírito."Liberdade"

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