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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A ameaça do comunismo | Ezra Taft Benson



A ameaça do comunismo
Por Ezra Taft Benson

Conferência geral, 6 de abril de 1960.


O Élder Ezra Taft Benon discursa na Conferência Geral de abril de 1960 sobre a ameaça do comunismo. Analisa a estratégia de expansão do comunismo soviético, que em 40 anos havia conseguido domínio sobre mais de 700 milhões de pessoas, e como seria a vida americana se os EUA viessem a se tornar comunistas. Explica o que o povo americano deveria fazer para evitar que esse mal ocorresse. Há muitas lições a serem aprendidas aqui. (O Estandarte)


Meus irmão e irmãs, se o Senhor me abençoar, espero dizer algumas palavras a respeito de uma das mais séria ameaças do mundo. No Velho Testamento lemos: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento." (Oséias 4:6)

Como nos dias do Velho Testamento, nós, hoje, precisamos de conhecimento. Precisamos conhecer nossos inimigos. Precisamos avaliar clara e cuidadosamente os perigos que o mundo livre enfrenta. Ao mesmo tempo devemos assegurar-nos o conhecimento que nos dá e a nossos amigos de todo o mundo, coragem e confiança para encarar o futuro--não com terror mas sim vigilantes. Do conhecimento vem a força, e da força vem o poder de preservar a liberdade tanto no lar quanto fora dele.

O Presidente Eisenhower e outros homens dedicados vem trabalhando incansavelmente para ajudar o mundo livre a compreender melhor o implacável conflito entre o bem e o mal, que está cada vez mais tomando corpo.
Estamos agora começando um período de conferências. Em primeiro lugar em Summit, no mês de maio, e novamente em junho quando o Presidente viajará para Moscou a fim de visitar a Rússia por dez dias. (junho 1960)

Como disse o presidente em sua mensagem (State of the Union Message) de janeiro último, "Continuemos em nossa busca pela paz, e com nossos esforços chegaremos a 'acordos mutuamente fortalecidos.'"

Nós, aqui nos Estados Unidos, temos uma enorme responsabilidade de ajudar a manter a paz e a liberdade e fazermos recuar as nuvens escuras de ameaça de guerra, causadas pela tensão internacional.

O poder do comunismo depende, em grande parte, da ignorância do povo. O conhecimento é uma coisa perigosa--para estados totalitários; mas representa uma força para um povo livre.

Existem alguns pontos fundamentais que nunca se deve deixar de ter em conta, para que não seja dito de nossa terra: "O meu povo destruído, porque lhe faltou o conhecimento."

Nós nunca devemos esquecer o que é realmente o comunismo. Ele está longe de ser um sistema econômico, pois é um inteiro sistema de vida--ateu e completamente contrário a tudo aquilo que zelosamente defendemos.

Nós cremos num Criador Todo-poderoso. O comunismo ensina que tudo na vida é resultado do movimento de forças da natureza.

Nós acreditamos na dignidade do homem. O comunismo prega que os seres humanos nada mais são do que bestas graduadas, e portanto não hesita em destruir aqueles que se interpõem em seu caminho. Os comunistas russos em seu delírio de conquista liquidaram milhões de seus próprios patrícios, e os comunistas chineses aniquilaram dezenas de milhões--talvez uns 30 milhões.

Nós acreditamos num código moral. O comunismo nega o certo ou o errado inato. Como disse W Cleon Skoursen em seu livro "O comunismo nu": "O comunista convenceu-se de que nada que corresponda à oportunidade é mal." Essa é uma das doutrinas mais abomináveis. As pessoas que verdadeiramente aceitam tal filosofia são pessoas que nunca tiveram consciência ou honra. Força, astúcia, mentiras, promessas quebradas, tudo se justifica.

Nós acreditamos na religião como um sistema de vida resultante de nossa fé em Deus. O Comunismo afirma que todas as religiões devem ser derrubadas pois elas inibem o espírito da revolução mundial.

Earl Browder, antigo líder do partido comunista nos Estados Unidos disse, "(...) nós comunistas não fazemos distinção entre religiões boas ou más, pois cremos serem elas todas más."

Essa filosofia ateísta e degradante, conquanto militante é sustentadas com a força e os recursos de um grande país de cerca de 210 milhões de habitantes e uma sempre crescente economia. Em suma, o comunismo edificou um império de mais de 700 milhões de pessoas, tendo além disso agentes em todos os países livres, cujo objetivo último é derrubar a ordem social existente a fim de colocá-los sob a bandeira vermelha.

O objetivo principal do comunismo, não temos dúvidas a esse respeito, é destruir qualquer sociedade que se atenha aos princípios de liberdade espiritual, econômica e política---a integridade do homem.

Como principal expoente da sociedade livre, os Estados Unidos são, desta maneira, o alvo principal da filosofia marxista.
Internacionalmente, o comunismo procura isolar-nos do resto do mundo livre. Aqui no lar, o comunismo busca continuamente a desintegração do sistema de vida americano. Ele empenha-se em usar a instrução, a ciência, a literatura, a arte e até mesmo as igrejas, a fim de destruir nossa sociedade livre.

Suponhamos, por um momento, que este país caia sob o domínio comunista. Quais serão os frutos dessa calamidade? Primeiramente, as verdadeiras posições de nosso governo seriam imediatamente removidas de Washington para Moscou.
William Z Foster, o antigo líder do Partido Comunista nos Estados Unidos, disse "Quando o comunismo dirigir o governo dos Estados Unidos--e esse dia virá tão cedo quanto o nascer do sol--o governo não mais será um governo capitalista mas sim um governo soviético, e atrás desse governo irá ficar o exército vermelho para assegurar a ditadura do proletariado."

O que isso significaria para a minha ou a sua vida diária? Poderíamos nós ser donos de nossas próprias casas? Nossos domicílios seriam divididos, e teríamos que pagar o aluguel que o Estado fixasse.

Poderíamos nós ser donos de nossas próprias fazendas? Elas seriam agregadas e tornar-se-iam propriedades do Estado e nós teríamos que trabalhar sob as ordens do governo.

Poderíamos estabelecer um negócio e empregar pessoas a fim de trabalharem para nós? Isso nos tornaria criminosos.

Poderíamos trabalhar onde quiséssemos? Nós iríamos trabalhar quando, onde e como nos mandassem--e o governo daria as ordens.

Sindicatos trabalhistas como os que conhecemos agora não seriam permitidos, nem câmaras de comércio, ministério da fazenda ou Rotary Clubes e outras organizações. O que aconteceria com nossas contas bancárias? Tudo que ficasse acima de uma pequena soma seria confiscado e o restante seria controlado pelo governo para nós. O governo aboliria nosso seguro.

Com exceção de alguns poucos pertences pessoais não teríamos nenhum imóvel para deixar às nossas famílias quando morrêssemos.
Somente poderíamos viajar pelo país com a permissão da polícia.

Não poderíamos viajar para o exterior ou casar casar com um estrangeiro sem uma permissão específica do governo.

Nem mesmo poderíamos escrever livremente a nossos amigos em outros países.

Nossos filhos frequentariam uma escola escolhida por eles, e pelo tempo que o Estado permitisse. Lenin disse "dê-nos uma criança de oito anos, e ela será um bolchevista para sempre."

Aos professores só seria permitido lecionar o que o estado autorizasse. William Z Foster disse: "Nossos professores deverão escrever novos livros escolares e modificar a história conforme o ponto de vista marxista."

Pertencer a uma igreja seria a certeza de trazer discriminação e penalidades sobre nós e nossas famílias. A grande totalidade das igrejas tonar-se-iam museus do Estado ou armazéns.

Nenhum acordo é possível com um mal como esse.

Haverá algum perigo real de que tal calamidade recaia sobre nós? Minha resposta é apenas a narrativa do seguinte e chocante fato:

Em quarenta anos, o comunismo, por trapaças e força, tem sublevado mais pessoas para seu domínio do que o número total de cristãos agora viventes no mundo inteiro--e o cristianismo tem uma existência de quase dois mil anos.

Nós não nos atrevemos a subestimar o zelo comunista, nem suas aspirações de poder. Isso seria nossa destruição.

Nós não ousamos aceitar promessas comunistas por seu valor nominal.

A situação alemã é um dramático exemplo.
A União Soviética separou em 1940 sua zona de ocupação alemã--quebrando uma promessa.

Ela organizou um poderosa força policial semi-militar na Alemanha Oriental--quebrando outra promessa.

A União Soviética concordou com um governo de quatro autoridades em Berlim, e em seguida estabeleceu uma Berlim Oriental autônoma--quebrando sua promessa.
Visitei no último inverno a União Soviética, dispendendo a maior parte do meu tempo com a bondosa, honesta e laboriosa gente do campo. Estou certo de que o povo russo anseia pela paz, e de que podemos antever uma era de paz se os governo do mundo corresponderem aos anseios do povo. Mas não vejo demonstrações de que os líderes comunistas tenham alterado seus intentos de conquista mundial--por meios econômicos se não militares.

No que concerne à eficácia e produtividade agricultural, a União Soviética está muito atrás dos Estados Unidos. Porém, eles têm um potente e substancial crescimento.

Mediante grandes esforços, inclusive incentivo econômico, a agricultura soviética tem aumentado sua produção, de cinquenta ou mais por cento nos seis anos passados.

Cerca de cinquenta milhões de pessoas trabalham na agricultura e silvicultura russa--mais de quarenta porcento de sua força de trabalho--comparadas com pouco mais de sete milhões de pessoas nos Estados Unidos, ou seja, menos de dez porcento de nossa força de trabalho.

Eles têm relativamento poucas máquinas para agricultura, comparando-se com os Estados Unidos e em grande escala o trabalho é manual, a maioria feito por mulheres.
Enquanto que um trabalhador nos Estados Unidos produz suficiente alimento e fibra para cerca de vinte e cinco pessoas--um trabalhador na Rússia produz o bastante para cinco ou seis pessoas.

O trabalhador típico russo possui um par de sapatos e uma muda de roupa. Isso porque tem que dispender um mês de salário para comprar um par de sapatos e 2 meses ou mais para comprar um novo traje.

Eles colocando uma fachada ousada em relação a sua capacidade de recuperação do atraso. Vi centenas de cartazes na URSS incitando os fazendeiros a suplantar a produção dos Estados Unidos. Vi também numerosos cartazes predizendo a vitória final do sistema comunista.

Mas nós, neste país, estamos indo para frente também.
Eu sinto que os soviéticos não irão igualar ou suplantar nossa produção, agora ou em qualquer tempo, sob seus sistemas de agricultura. Por que? Porque eles nunca poderão reproduzir os planos de eficiência e fértil habilidade que podem ser levados avante em uma sociedade livre.

Mas não os menosprezemos. Pelo contrário, esforcemo-nos firmemente para tornar cada vez mais eficiente nosso próprio sistema livre de agricultura e indústria. E fiquemos cada vez mais vigilantes.

O que podem vocês ou o que posso eu fazer para ajudar a enfrentar esse grave desafio de um sistema ímpio, ateu e cruelmente materialista?
Primeiro, avaliemos os tesouros que estamos de posse. Esta é uma terra escolhida--a América inteira-escolhida acima de todas as demais. Abençoada pelo Todo Poderoso. 

Nossos antepassados assim a fizeram e conservaram. Ela continuará sendo uma terra de liberdade e paz, por tanto tempo quanto nos mostremos capazes e desejosos de prosseguir na luz dos princípios fiéis e duradouros da verdade.
Segundo, façamos toda a nossa parte para estarmos livres. Estejamos eternamente atentos contra o acúmulo demasiado de poder no governo. Preservemos aqui em nosso país livre um clima genuíno no qual o homem possa evoluir.

Terceiro, reafirmemos nosso patriotismo, nosso amor pelo país. O patriotismo é mais do que uma bandeira ondulante ou palavras bombásticas. É a forma pela qual respondemos às necessidades públicas. Reafirmemo-nos como patriotas no mais elevado sentido da palavra.

Quarto, ajudemos todos a edificar a paz. A verdadeira paz brota, nasce internamente. Seu preço é a honestidade, e para obtermos honestidade devemos conhecer a forma de nos portar, individual e coletivamente, para assim ganharmos a lealdade e devoção de outros homens.

Finalmente, redediquemos todos nossas vidas e nossa nação a fazer a vontade de nosso Pai. Como cada um de vocês, eu amo esta nação. É minha firme crença que o Deus do céu guiou os nossos Pais Fundadores no estabelecimento desta nação, para Seu propósito particular. Não obstante, o propósito de Deus é construir um povo de caráter livre, não monumentos físicos de acúmulo material.

Nações que amam verdadeiramente a liberdade amam a Deus. A história está repleta de exemplos de poderosas nações antigas que esqueceram a Deus. Nenhuma nação amadurecida na iniquidade pode subsistir por longo tempo. "A justiça exalta as nações; mas o pecado é o opróbrio dos povos." Provérbios 14:34)

Nós, nesta terra, temos uma rica herança de liberdade. Ela nos tem recompensado além das expectativas--chave da segurança nacional--e é a preservação da iniciativa, da vitalidade, energia, e abundância de recursos de nosso povo. Nosso progresso material é simplesmente um sub-produto de nossa liberdade. A liberdade dada por Deus, um princípio básico da verdade religiosa, é ainda a força mais poderosa na face da terra.

Os povos do mundo anseiam pela paz-e eu incluo especialmente o povo da Rússia.
Eis porque podemos levar estas palavras aos russos com força íntima porém sem nenhuma ilusão. Sabemos que o conhecimento do inimigo ensina-nos a ter cautela e precaução; sabemos também que falamos a milhões de povos oprimidos no lado soviético da Cortina de Ferro, todos aqueles que desejam paz com dignidade humana.

Eu gostaria de concluir dizendo que qualquer sistema que prive os homens de seu livre arbítrio, que debilite o lar e a família, que dependa da mortandade para alcançar poder, que negue toda responsabilidade moral, e assegure que o homem vive somente para seu pão, negando a existência de Deus, é do diabo.

Essa é a filosofia comunista. Não há evidência positiva de que tenha mudado nos últimos quarenta anos.

O conhecimento do inimigo e de nós mesmos dá-nos força para lutar, a luta benéfica da liberdade e da paz mundial.

Que nunca venha a ser dito de nossa terra: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento;" eu humildemente oro, em nome de Jesus Cristo. Amém.

Publicado em português na A Liahona de março de 1961.
https://drive.google.com/file/d/0B03vqUZJPHQ7czYxbENVWmFzbkk/view
Tradução de Lilian S Silveira

Texto em inglês: http://scriptures.byu.edu/gettalk.php?ID=1072

quarta-feira, 14 de junho de 2017

5 coisas que você deveria saber sobre a política mórmon




A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias permanece enigmática para a maioria das pessoas nos EUA. Ainda menos se sabe sobre a participação dos mórmons na política.

Para ser justo, poucos são os que acompanham questões sobre religião e política de perto que saibam muito sobre a participação dos mórmons no processo político.

Mas espera-se que isso mude. Os cientistas políticos David Campbell (Notre Dame), John Green (Akron) e Quin Monson (BYU) têm um novo livro sobre os mórmons na política americana. Seeking the Promised Land é um olhar compreensivo na política mórmon que mostra o que um típico membro SUD pensa sobre política.

Apresento aqui meus cincos destaques do livro, cinco maneiras em que os mórmons são um “povo peculiar” na política americana.


1. Os mórmons já foram o inimigo público nº 1 dos republicanos

Quando o Partido Republicano redigiu a primeira plataforma do partido em 1856, ela incluía uma resolução clamando para que o Congresso proibisse "nos territórios essas relíquias gêmeas da barbárie, poligamia e escravidão”. Isso mesmo. A escravidão não era o único grande mal a ser erradicado. Também o era a poligamia, praticada pelos mórmons na época.

Durante a predominância republicana na política nacional depois da Guerra Civil, os mórmons foram virtualmente mantidos fora da política. Foi apenas depois que os SUD mudaram sua posição sobre a poligamia que Utah recebeu a condição de estado. A Constituição de Utah inclui a cláusula que proíbe a prática: “A poligamia ou o casamento plural são proibidos para sempre.”

O partidarismo mórmon depois da condição de estado pode ser descrito como bipartidário. Não foi até os anos 70 que os mórmons se moveram solidamente para o campo republicano.