| 27 Junho 2013
Artigos - Globalismo
Artigos - Globalismo
Ela
foi cabocla no seringal do estado do Acre e hoje é a queridinha dos
globalistas (aqueles cuja crença é de que a Velha Ordem que preza pela
soberania das nações é um modelo ultrapassado que deve ser substituído
por um governo global supranacional). Ela é membro do Inter-american Dialogue, think-thank que
conta com um grupo de ex-presidentes das três Américas, além de
banqueiros, empresários e outros integrantes da nata social e financeira
deste continente. Também faz parte da lista dos Defensores das Metas do
Milênio da ONU (Organização das Nações Unidas) – lista essa que também
inclui o bilionário empresário Ted Turner, o famoso fundador da CNN.
Recebeu também o prêmio “Champions of the Earth” da ONU – um dos
maiores prêmios da área. É chamada de “lendária ativista ambiental”
pelos ativistas da iniciativa Carta da Terra (1) e por aí vai…
A apresentação de uma fração do currículo internacional de Maria Osmarina Marina
Silva Vaz de Lima é para que não nos enganemos. Embora tenha a saúde
frágil por conta de uma contaminação por mercúrio na juventude, essa
senhora evangélica de 55 anos e aparência frágil possui uma vasta
influência entre bilionários e ecologistas mundo afora. Em 2010 emplacou
uma candidatura à Presidência da República concorrendo pelo Partido
Verde com seu vice sendo o empresário bilionário Guilherme Leal. Obteve
quase 20 milhões de votos.
Marina
é sem dúvida benquista por vários grupos ambientalistas e globalistas.
Para Luis Dufaur, autor de publicações no exterior e do blog “Verde:
a cor nova do comunismo” – que denuncia os estratagemas dos movimentos
ambientalistas e globalistas -, as origens amazônicas de Marina, sua
militância no Partido Revolucionário Comunista (PRC – ala radical que
estava sob a égide petista no Acre) e sua luta junto de Chico Mendes e
das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) são “atributos” que fazem dela o
perfil ideal para ser a imagem “popular” que os ambientalistas e
globalistas pretendem projetar.
“Ela
encarna bem o figurino imaginado pela Teologia da Libertação que segue a
linha de Frei Beto e Dom Casaldáliga, portanto comuno-tribalista e
ambientalista. Quer dizer, uma mulher do povo que sofreu pobreza e
doenças tropicais, e sai da floresta para contestar a ordem social
brasileira acusada de ‘capitalista’ e ‘exploradora’. Esta imagem a meu
ver inclui muitos exageros propagandísticos imaginados por
marqueteiros”, diz Dufaur.
Aproveitando-se
dessa grande influência e poder que lhe foi concedido, Marina Silva já
aplaina o terreno para a candidatura em 2014. Com seu novo partido, o
“REDE Sustentabilidade”, ela quer, segundo palavras próprias, nada menos
que “mudar a cultura política do país”. Marina diz que seu partido não é
de esquerda e nem de direita, mas é “à frente”. Além do apoio de Leal,
Marina também conta com Maria Alice Setúbal, uma das herdeiras do Itaú.
Mas
será que Marina realmente vem com uma proposta diferente? Segundo o
economista e mestre em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV/SP), Nivaldo Cordeiro, “Estamos diante de uma ação típica
das esquerdas recomendadas por Lênin. [...] a famosa estratégia das
tesouras”.
Essa
estratégia das tesouras é uma forma de se referir à metodologia
dialética marxista-leninista, cuja metáfora da tesoura fala das duas
lâminas que são opostas (como neste caso, a aparente oposição de Marina
Silva ao atual establishment político),
mas que no final das contas fazem parte do mesmo corpo; e sendo do
mesmo corpo, quando essas duas lâminas convergirem — isso acontece
fatalmente na política —, deceparão aqueles que estiverem no caminho
delas. O termo foi muito usado para se referir à aparente oposição que
existe há muito entre os governos russo e chinês (desde os tempos
comunistas até hoje).
O
filósofo Olavo de Carvalho no artigo “A mão de Stálin está sobre nós”
diz que, através da estratégia das tesouras, “a oposição tradicional de
direita e esquerda é então substituída pela divisão interna da esquerda,
de modo que a completa homogeneização socialista da opinião pública é
obtida sem nenhuma ruptura aparente da normalidade. A discussão da
esquerda com a própria esquerda, sendo a única que resta, torna-se um
simulacro verossímil da competição democrática e é exibida como prova de
que tudo está na mais perfeita ordem.” (isso já acontece no Brasil,
onde partidos como PT, PSDB, PSB e o futuro partido da Marina dominam
completamente as ações políticas, deixando espaço apenas para
divergências dentro da própria esquerda ou para partidos governistas
como o PMDB).
Outro
bom exemplo dessa estratégia das tesouras leninista são as denúncias
feitas pelos partidos de extrema esquerda, como se pode ver no site do
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), que por meio de
uma extensa matéria mostra alguns dos “esqueletos” que Marina tem no
armário (ver matéria no link: pstu.org.br/conteudo/rede-de-marina-silva).
O site do Partido Comunista do Brasil (PC do B) também não se esquiva
de reproduzir ou redigir textos com fortes críticas ao projeto de Marina
Silva, como se pode ver nos links: vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=206125&id_secao=1 e vermelho.org.br/editorial.php?id_editorial=1170&id_secao=16.
Apesar
das ferrenhas críticas recebidas pela “esquerda da esquerda”, sempre
quando indagada sobre os presidentes Lula ou Dilma, aliados do mesmo PC
do B, Marina prefere adotar um tom amistoso, demonstrando discordâncias
apenas em pontos específicos, como é o caso da política ambiental.
Segundo Nivaldo Cordeiro, “a turma da Marina Silva sempre foi PT de
coração”. A longa lista de serviços que Marina prestou ao PT desde
quando era uma jovem militante no PRC até chegar ao Ministério do Meio
Ambiente – cargo que ocupou desde a posse de Lula, em 2003, até 2008 – é
algo que ela faz questão de lembrar sempre em suas entrevistas.
Desenvolvimento sustentável e religião
O
termo “desenvolvimento sustentável” surgiu pela primeira vez nas
discussões da ONU na década de 1980. Ele foi cunhado para condensar um
ideal que já havia sido exposto desde a Conferência de Estocolmo em
1972. Junta – a seu modo – as idéias de desenvolvimento econômico e
político com a preservação da natureza, com a justificativa de que
devemos deixar um “mundo melhor” para as gerações futuras. Deste modo,
esse ideal acaba por atuar nas frentes econômica, política, ecológica e
cultural. As partes ética e religiosa restantes são cobertas pela
anteriormente citada Carta da Terra,
que segundo um de seus maiores promotores, Mikhail Gorbachev, aspira a
ser nada menos que uma nova versão dos Dez Mandamentos (2).
A culminação do que entendemos por “desenvolvimento sustentável” foi o documento “Agenda 21”, apresentado
na Conferência Eco-92, no Rio de Janeiro. Esse documento contém 21
diretrizes elaboradas pela ONU para servirem de “instrumento de
planejamento para a construção de sociedades sustentáveis” (ver neste
link: http://sustainabledevelopment.un.org/).
A
idéia de desenvolvimento sustentável é, basicamente, aplicar leis
supranacionais cujo conteúdo é aquilo que a ONU acha que é melhor para o
mundo, independentemente do que as populações locais venham a achar.
Aqui no Brasil, muito desses ideais supranacionais da “Agenda 21” (que,
por conseguinte, são óbvias afrontas à soberania de um país) foram bem
encaminhados na gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente.
Mesmo
quando não são diretamente aplicadas, essas medidas supranacionais
acabam por ter grande influência na legislação, como foi o caso do
Código Florestal aprovado em 2012, que levou em conta várias “propostas
utópicas e quiméricas da ONU”, nas palavras de Luis Dufaur. Segundo
Dufaur, esses documentos “sinalizam os rumos das transformações legais
presentes e futuras que o PT e seus amigos ambientalistas promovem no
país”.
Notas:(1) A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais cujo intuito é “construir uma sociedade global justa e sustentável para o século XXI”; para isso basta que se dê poder ilimitado a eles. Tem o endosso de gente do quilate do ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev e da ex-Rainha e atual Princesa Beatrix da Holanda.
(2) v. Lee Penn. False Dawn: The United Religions Initiative, globalism, and the quest for a one-world religion. p.16
Publicado no site da revista Vila Nova.
Leonildo Trombela Júnior é jornalista e tradutor.
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