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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A perigosa marcha da Rússia para o fascismo

Publicado originalmente pelo Townhall em 8 de maio de 2015.

Por Mark Nuckols




O Kremlin está fazendo tudo para tornar a tradicional celebração do Dia da Vitória em 9 de maio num frenesi público de patriotismo nacionalista e demonstrações públicas de lealdade ao Presidente Vladimir Putin. Neste ano o Dia da Vitória marca tanto o 70º aniversário da derrota da Alemanha Nazista como a intensificação de uma nova era de paranoia anti-ocidente e agressão externa. E por mais que os Russos afirmem em alta voz terem derrotado o fascismo há 70 anos atrás, hoje a Rússia está marchando em retrocesso na história para transformar a si mesma em um novo e moderno estado fascista.


Nos EUA, O Dia da Memória tem a intenção de honrar os soldados que sacrificaram suas vidas por seu país. Na Rússia, o Dia da Vitória é uma ocasião para regozijo triunfante. Carros são enfeitados com adesivos que proclamam "Avante para Berlim!" e "Obrigado avô pela vitória." Moscou tornou-se um festival de nostalgia soviética, com performances de canções do Exército Vermelho, cartazes proclamando a invencibilidade do Exército Vermelho, e ambulantes vendendo gorros do Exército Vermelho. 

A mensagem do Kremlin torna-se ainda mais explícita no desfile de 9 de maio com tanques, veículos anfíbios e lançadores de mísseis que serpenteiam através de Moscou por horas antes de passar em revista em frente à Praça Vermelha. É uma demonstração ostensiva de força, criada para mostrar ao público russo que seu país ainda é uma potência militar e que seu líder, Putin, está em guarda para defendê-los contra os inimigos da Rússia. É também planejada para fazer os russos esquecerem a humilhação de perder o que eles ainda consideram seu império legítimo na assim chamada "vizinhança" da Rússia.

Como parte da campanha de propaganda, o Kremlin promoveu uma versão muito seletiva da história da II Guerra Mudial, ou A Grande Guerra Patriótica como é conhecida na Rússia. Isso tem ocultado inteiramente o fato de que antes da Alemanha atacar a União Soviética, os soviéticos eram aliados de Hitler. No infame pacto molotov-ribbertrop, Stalin concordou com Hitler para juntamente invadirem a Polônia e anexar seu território, com os soviéticos também livres para anexar os então independentes estados bálticos e arrancar um pedaço da Romênia.


Outra distorção histórica do Kremlin é trivializar as contribuições e sacrifícios feitos pelos EUA na derrota de Hitler. Não há praticamente nenhuma menção nos livros de história ou na mídia estatal da maciça quantidade de tanques, aeronaves e caminhões que os Estados Unidos deram aos soviéticos, ou do papel vital do segundo fronte depois do Dia D em assegurar a vitória dos aliados. Como resultado dessa rescrição da história, quase todos os russos acreditam enganosamente que os soviéticos derrotaram sozinhos os nazistas.

O Dia da Vitória tem sido relevante em definir o triunfo do Estado russo e um símbolo de renovada força militar. O Kremlin não tem outra causa na qual possa agrupar o país. Por causa da corrupção endêmica e incompetência a Rússia não pode competir economicamente. Seus recursos dependem economicamente de uma variante como suas reservas de petrodólar em decréscimo. Sob Putin, ela tornou-se isolada diplomaticamente. Mas os russos esperam pelos dias de glória quando a União Soviética poderia derrotar a Alemanha Nazista e mesmo ser vista como uma superpotência igual aos Estados Unidos.

Putin está tentando compensar o enfraquecimento da Rússia sob sua liderança com militarismo e um culto ao poder do Estado. Ele tem criado uma paranoia ao advertir constantemente sua audiência doméstica que os EUA estão conduzindo uma campanha furtiva para dominar a Rússia e fazê-la orgulhar-se de ser o único país capaz e disposto a desafiar a hegemonia americana. E ele desfruta altos índices de aprovação uma vez que o público russo ainda está enebriado com a noção de que a anexação ilegal da Criméia marca o retorno da Rússia como uma grande potência.

Putin está convencendo os russos de que o poder militar é o fundamento da grandeza nacional e prestígio internacional, e de que os EUA e seus aliados da OTAN são inimigos implacáveis às portas da Rússia. Quando a euforia sobre a Crimeia passar, paradas militares e patrióticos adesivos de para-choque podem não ser o suficiente para satisfazer o desejo de grandeza nacional dos russos, ou amenizar seu medo exagerado de inimigos externos. E ainda, a Rússia de Putin é fraca, com uma economia oscilante e um exército de qualidade inferior. Sua única fonte verdadeira de poder é seu arsenal nuclear, que Putin e outros oficiais adquiriram o hábito assustador de brandir em demonstração de sua bravata. Nessas circunstâncias, uma Rússia já ameaçadora e imprudente pode tornar-se ainda mais perigosa e imprevisível.

Hoje a maioria das características históricas do fascismo estão claramente manifestas na Rússia. Assim como na Alemanha Nazista e na Itália Fascista, há a glorificação onipresente do líder, há uma similaridade impressionante no retrato iconográfico de Hitler, Mussolini e Putin como viris, musculosos e oniscientes ditadores. Em todos os três casos, a imprensa estatal financia uma campanha de propaganda incessante para convencer a população de que eles são um povo excepcional, que deve total e inquestionável fidelidade a um estado todo-poderoso, mas que estão cercados e ameaçados por inimigos históricos auxiliados por inescrupulosos traidores internos. Eu sou rotineiramente assediado e mesmo ameaçado com ataques físicos simplesmente por ser dos EUA, o país que a Rússia despreza com ódio venenoso. Assim como na Alemanha Nazista e na Itália Fascista, a repressão e os assassinatos políticos são considerados meros instrumentos da política estatal. E o controle sobre a economia privada é sequestrada pelo Líder para seu próprio propósito de controlar a economia do alto comando.

A Rússia hoje alega celebrar a vitória sobre o fascismo mas, ironicamente, está, de fato, cada vez mais se assemelhando ao Estado Nazista que ela ajudou a derrotar. Ou talvez não tão ironicamente, a Rússia sob os soviéticos foi, no geral, tão repressiva e assassina quanto a Alemanha Nazista, mas não foi derrotada na guerra, e assim, não se submeteu a qualquer tipo de desnazificação. Muitos no Ocidente enganosamente acredita que o quase-fascismo soviético foi uma aberração, algo imposto sobre um povo inocente contra sua vontade. Quando vejo o atual frenesi de ódio, xenofobia e orgulho exuberante na agressão da Rússia contra seus vizinhos, eu posso concluir apenas que há uma ligação discernível entre a era czarista de massacre contra judeus e dos campos de concentração stalinistas ao atual militarismo e agressão contra seus vizinhos. Nós deveríamos e devemos estar em alertas contra o perigo de um regime fascista que é essencialmente fraco mas desesperado para projetar uma demonstração de força, munido com armas nucleares e liderado por um pequeno tirano maníaco seguido por uma massa de seguidores ignorantes disposta a engolir toda a propaganda viciosa do governo russo


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