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terça-feira, 10 de setembro de 2013

VEJA entrevista Olavo de Carvalho sobre o quadro político brasileiro 03.08.11

Entrevista

Olavo de Carvalho: esquerda ocupou vácuo pós-ditadura

Filósofo diz que espaço deixado pela ditadura militar foi tomado por esquerdistas, que contaram com a conivência de direitistas

Gabriel Castro
"A classe política, que era de maioria direitista, acabou sendo marginalizada e deixando um espaço vazio. Esse espaço foi preenchido pelos políticos de esquerda que voltavam do exílio. Quando veio a Constituição de 1988, a esquerda já era praticamente hegemônica"

O filósofo Olavo de Carvalho se notabilizou pelas críticas à hegemonia esquerdista no espaço cultural e político do país. Desde que publicou o livro O Imbecil Coletivo, obra que ataca consensos construídos no ambiente cultural brasileiro, ele se tornou uma espécie de porta-voz da diminuta intelectualidade conservadora do país (embora tenha aversão a este papel).
Em entrevista concedida por telefone ao site de VEJA, ele  diz que a direita tem boa parte da culpa pela própria derrocada e critica o fato de legendas liberais terem se apegado à discussão meramente econômica. O filósofo, que mora na zona rural da Virgínia, diz que o eleitorado conservador não vai encontrar tão cedo um partido que represente suas ideias no país.
 A ausência de um partido conservador no Brasil é resultado das circunstâncias políticas ou de uma estratégia bem-sucedida da esquerda? Não é nem só uma coisa nem só outra. O processo começou durante o regime militar, quando tecnocratas assumiram todo o comando do processo e marginalizaram a política, reduzindo a função dos políticos a carimbar decretos oficiais. E, na concorrência de poder e prestígio, eles eliminaram alguns políticos de direita da mais alta qualidade, como Carlos Lacerda. A Arena era ideologicamente inócua. De lá para cá, a classe política, que era de maioria direitista, acabou sendo marginalizada e deixando um espaço vazio. Esse espaço foi preenchido pelos políticos de esquerda que voltavam do exílio. Quando veio a Constituição de 1988, a esquerda já era praticamente hegemônica.

O regime militar não conseguiu sufocar a oposição de esquerda? O governo militar se ocupou de combater a guerrilha, mas não de combater  o comunismo na esfera cultural, social e moral. Havia a famosa teoria da panela de pressão, do general Golbery do Couto e Silva. Ele dizia: “Não podemos tampar todos os buraquinhos e fazer pressão, porque senão ela estoura”. A válvula que eles deixaram para a esquerda foram as universidades e o aparato cultural. Na mesma época, uma parte da esquerda foi para a guerrilha, mas a maior parte dela se encaixou no esquema pregado por Antonio Gramsci, que é a revolução cultural, a penetração lenta e gradual em todas as instituições de cultura, mídia etc. Foi a facção que acabou tirando vantagem de tudo isso – até da derrota, porque a derrota lhes deu uma plêiade de mártires.
Então a hegemonia cultural veio antes da partidária? Claro. Acompanhe, por exemplo, as sessões ditas culturais dos principais jornais do país. Você vai ver que, durante 30 anos, não teve uma ideia conservadora lá. O primeiro passo para marginalizar uma corrente de ideias é excluí-la da alta cultura. Você trata aquilo como se fosse uma corrente popular, um bando de caipiras, um bando de fanáticos que não tem respeitabilidade intelectual. O período militar foi a época de maior progresso da indústria editorial de esquerda no Brasil. Nunca se publicou tanto livro de esquerda. Além de ter destacados colunistas de esquerda nos jornais, ainda havia vários semanários importantíssimos de oposição como os tabloides Movimento, Fato Novo, O Pasquim, Ex, Versus, as revistas Civilização Brasileira, Paz e Terra e muitas outras. Além disso, praticamente todos os grandes jornais eram dirigidos por homens de esquerda como Luís Garcia, Claudio Abramo, Alberto Dines, Narciso Kalili e Celso Kinjo. Outra coisa importantíssima: todos os sindicatos de jornais do país eram presididos por esquerdistas.
O presidente do DEM, José Agripino Maia, diz que o partido é de centro e que suas bandeiras estão ligadas ao liberalismo econômico apenas. Como o senhor vê essa declaração? A limitação do ideário conservador ao aspecto econômico é uma estratégia da esquerda. O que o governo faz? Reserva uma margem de manobra para a empresa privada, mas exerce o controle total sem exercer a responsabilidade. Se tudo dá certo, é glória do governo. Se tudo dá errado, é culpa do empresário. Uma oposição que se limite à defesa da propriedade privada não oferece risco algum para o socialismo. A verdadeira corrente conservadora se manifesta também por um ideário de direitos civis, de liberdade religiosa, da defesa da moral judaico-cristã, da educação clássica, com padrões exigentes. É uma concepção integral da sociedade. Os liberais que acabam concordando com a esquerda no seu ideário cultural e moral são traidores. Uns são traidores conscientes, outros por idiotice.

Leia também: O incrível caso do país sem direita

Na última campanha, o aborto chegou ao debate eleitoral por causa da mobilização de parte da sociedade. Só depois os partidos passaram a debater o tema. É um sinal de que a população é mais conservadora do que seus representantes políticos? Há uma faixa conservadora, cristã, que não aceita políticas como o "abortismo" e o  "gayzismo". Uma faixa imensa da população não aceita essa brincadeira e se mobilizou fora dos partidos para combater o aborto, num movimento iniciado por grupos religiosas, por igrejas, e o PSDB acabou tirando alguma vantagem disso por falta de alternativa. É o princípio do mal menor: “Não tem mais ninguém, vamos votar no PSDB”. Mas o PSDB não tem mérito nenhum nisso.
Como o senhor vê a implosão do DEM, que vem perdendo força e de onde saíram os fundadores do PSD? O DEM decidiu se  transformar-se num instrumento servil da política de esquerda. Então se autocastrou de propósito.

O que a direita precisa saber para reequilibrar o quadro político? Reocupar os espaços na esfera cultural? A esquerda, devido à enorme facilidade que teve para ocupar os espaços, começou a promover o que tinha de pior na pseudo-intelectualidade esquerdista. E destruiu a cultura superior no Brasil. Num lugar onde se chamam de intelectuais Emir Sader, Chico Buarque de Hollanda e Tarso Genro, está tudo perdido. É a barbárie completa. A Comissão de Educação e Cultura da Câmara têm entre seus membros o Tiririca, que é um sujeito que quase foi recusado lá por ser analfabeto. A esquerda se aproveitou da facilidade de conquistar esses meios, mas evidentemente não tinha intelectuais de grande gabarito para ocupar todos postos. Então pegou qualquer um. Pegou o lixo. A solução é criar uma nova intelectualidade capaz de desmoralizar esses indivíduos, demonstrar que são vigaristas e charlatães.

A polaridade entre PT e PSDB não exerce esse papel? Uma vez eu vi um diálogo entre o Cristovam Buarque, quando era o principal intelectual do PT, e o Fernando Henrique Cardoso. Ambos concordavam que os seus partidos não tinham divergência ideológica nenhuma, apenas disputa por cargos. Aqui, a disputa de cargos se substituiu à concorrência ideológica, de propostas. A essência da democracia é a existência de correntes opostas e o seu rodízio no poder, de forma que nenhum governo possa introduzir modificações desastrosas que um governo seguinte não possa fazer. Funcionou em toda a Europa e está provado que é a única saída eficiente. Ninguém tem a solução de todos os problemas. Às vezes, a direita tem a ideia melhor, às vezes a esquerda tem.

Há quem comemore o fim da distinção entre esquerda e direita como um avanço da democracia. O que existe de positivo em esconder a realidade das forças que estão em jogo? O fato de que uma boa parte do pessoal dito direitista esteja servindo à esquerda não significa que direita e esquerda tenham desaparecido. A população brasileira é conservadora.  E as pesquisa têm comprovado isso. Ela apenas não está informada sobre quem é quem no cenário eleitoral. Então, se vota nos candidatos que existem. É uma situação onde o engano, a mentira e a farsa foram oficializados. A farsa ganhou o jogo.

Fonte: VEJA

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Igreja Secular - Neal A Maxwel

Trecho de um discurso proferido em 10 de outubro de 1978 pelo Élder Neal A. Maxwell, então membro da presidência do primeiro quórum  dos setentas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. 


 Editado por Seth Adam Smith






 Confiram na íntegra em inglês:
Meeting the Challenges of Today, by Neal A Maxwell